Posicionamento
Meu texto tem travessão — e não é por causa do GPT.

André Lona
JUN 23, 2025
Posicionamento
André Lona
JUN 23, 2025
Semana passada, tive a oportunidade de tomar um drink com alguns colegas criativos após um evento (Case Conference) aqui em São Paulo.
Entre uma fofoca e outra, comentaram sobre minha newsletter. Quase todos ali presentes disseram que eram inscritos e adoravam os textos, mas... “dava pra perceber que eu usava o GPT por causa dos travessões.”
Nesse momento, tudo mudou.
Todos começaram a rir juntos. Eu, incrédulo. Olhei para o Papito, que estava ao meu lado na ponta esquerda da mesa. Ele ria, mas com pena nos olhos. Olhei para a direita — o resto da mesa em transe coletiva.
Percebi pessoas que nem liam a newsletter dando risada, do tipo:
“É, cara, eles te pegaram.”
Ainda sem saber como reagir, esbocei: “Não... mas eu amo o travessão. Uso faz tempo. Comecei a usar por causa de textos gringos...”
Mas logo percebi que de nada adiantaria. Era maior do que minha newsletter, era maior do que meu jeito de escrever — era maior do que eu.
Entendi que essa narrativa já existia. Já tinha virado meme: “travessão é coisa de GPT.”
E, então, o problema deixou de ser minha newsletter e passou a ser: nunca mais vou poder usar travessão?
Sim, eu passei a usar o GPT para revisar meus textos no último ano (a newsletter existe desde 2021). Mas o travessão é meu. Sempre gostei de usar. Inclusive, fui criticado por isso no passado, por pessoas que não entendiam a função dele.
Nenhuma pontuação ou técnica de sintaxe é capaz de reproduzir o efeito de um travessão.
Não existe outra pontuação que represente o grau de dramaticidade que um travessão traz. Além disso, ele é estético — entrega um estilo visual para a escrita.
Eu uso travessão em apresentações, em títulos, subtítulos e até em assinaturas gráficas. É só voltar no meu conteúdo, em todas as plataformas; você vai encontrar nos vídeos, nas legendas, nas descrições, nos projetos, em tudo.
E, pra piorar, na manhã seguinte, tomando café com minha esposa, comecei a contar pra ela:
“Você não acredita. Ontem me disseram que o texto da minha newsletter parece ser escrito pelo GPT porque uso travessão.”
Não deu tempo de eu terminar a frase. Ela, na lata:
“É, amor... travessão é coisa de GPT.”
Eu, incrédulo de novo — desta vez, na minha própria casa.
“Mas pqp, Gabriella, por que você não me disse antes?”
E ela: “Ué... achei que você sabia.”
E agora estou aqui, escrevendo um texto sobre escrever textos.
Perguntei pro chat sobre esse assunto:
O “estigma do travessão”. Bom, sinceramente, eu não sei se o estrago é reversível.
No marketing, costumam dizer que aquilo que mais funciona pra fazer uma pessoa aumentar seu nível de consciência e mudar seu comportamento é: medo, dor ou humilhação social — eu acabei de passar pela terceira.
Por mais que eu adore usar travessão e tenha muito apego ao meu jeito de escrever, é difícil acreditar que esse episódio não vá influenciar minha escrita daqui pra frente — mas pelo menos terei este texto.
*Agora faz o seguinte: volte no texto e tente substituir os travessões que eu usei por pontos, vírgulas ou qualquer outra coisa. Veja se mantém o tom, ritmo e ênfase.
**E me diz, qual sua opinião sobre isso nos comentários?
Pode usar travessão, tá? Não vou achar que você usou GPT por causa disso
Uma ótima semana.
Lona
Semana passada, tive a oportunidade de tomar um drink com alguns colegas criativos após um evento (Case Conference) aqui em São Paulo.
Entre uma fofoca e outra, comentaram sobre minha newsletter. Quase todos ali presentes disseram que eram inscritos e adoravam os textos, mas... “dava pra perceber que eu usava o GPT por causa dos travessões.”
Nesse momento, tudo mudou.
Todos começaram a rir juntos. Eu, incrédulo. Olhei para o Papito, que estava ao meu lado na ponta esquerda da mesa. Ele ria, mas com pena nos olhos. Olhei para a direita — o resto da mesa em transe coletiva.
Percebi pessoas que nem liam a newsletter dando risada, do tipo:
“É, cara, eles te pegaram.”
Ainda sem saber como reagir, esbocei: “Não... mas eu amo o travessão. Uso faz tempo. Comecei a usar por causa de textos gringos...”
Mas logo percebi que de nada adiantaria. Era maior do que minha newsletter, era maior do que meu jeito de escrever — era maior do que eu.
Entendi que essa narrativa já existia. Já tinha virado meme: “travessão é coisa de GPT.”
E, então, o problema deixou de ser minha newsletter e passou a ser: nunca mais vou poder usar travessão?
Sim, eu passei a usar o GPT para revisar meus textos no último ano (a newsletter existe desde 2021). Mas o travessão é meu. Sempre gostei de usar. Inclusive, fui criticado por isso no passado, por pessoas que não entendiam a função dele.
Nenhuma pontuação ou técnica de sintaxe é capaz de reproduzir o efeito de um travessão.
Não existe outra pontuação que represente o grau de dramaticidade que um travessão traz. Além disso, ele é estético — entrega um estilo visual para a escrita.
Eu uso travessão em apresentações, em títulos, subtítulos e até em assinaturas gráficas. É só voltar no meu conteúdo, em todas as plataformas; você vai encontrar nos vídeos, nas legendas, nas descrições, nos projetos, em tudo.
E, pra piorar, na manhã seguinte, tomando café com minha esposa, comecei a contar pra ela:
“Você não acredita. Ontem me disseram que o texto da minha newsletter parece ser escrito pelo GPT porque uso travessão.”
Não deu tempo de eu terminar a frase. Ela, na lata:
“É, amor... travessão é coisa de GPT.”
Eu, incrédulo de novo — desta vez, na minha própria casa.
“Mas pqp, Gabriella, por que você não me disse antes?”
E ela: “Ué... achei que você sabia.”
E agora estou aqui, escrevendo um texto sobre escrever textos.
Perguntei pro chat sobre esse assunto:
O “estigma do travessão”. Bom, sinceramente, eu não sei se o estrago é reversível.
No marketing, costumam dizer que aquilo que mais funciona pra fazer uma pessoa aumentar seu nível de consciência e mudar seu comportamento é: medo, dor ou humilhação social — eu acabei de passar pela terceira.
Por mais que eu adore usar travessão e tenha muito apego ao meu jeito de escrever, é difícil acreditar que esse episódio não vá influenciar minha escrita daqui pra frente — mas pelo menos terei este texto.
*Agora faz o seguinte: volte no texto e tente substituir os travessões que eu usei por pontos, vírgulas ou qualquer outra coisa. Veja se mantém o tom, ritmo e ênfase.
**E me diz, qual sua opinião sobre isso nos comentários?
Pode usar travessão, tá? Não vou achar que você usou GPT por causa disso
Uma ótima semana.
Lona